Para muitos, a favela é um lugar onde os ensinamentos passados não são voltados para o bem. Os moradores, expostos diariamente ao tráfico, a violência, ao desemprego, a miséria e a tantas outras “coisas ruins” sofrem constantemente o preconceito da população, pois são vistos como favelados, logo, más pessoas.
Com cerca de 120 mil habitantes, distribuídos em um espaço de aproximadamente 1 milhão de m² temos a favela do Heliópolis, considerada a maior de São Paulo e a segunda maior do Brasil e da América Latina. É comum, ao transitar pelas ruas do Heliópolis, ver no rosto das pessoas que passam de carro por ali a expressão de medo e de desprezo, exemplo do preconceito sofrido por essa comunidade. Sim, prefiro chamar de comunidade.
A UNAS – União de núcleos, associações e sociedades dos moradores de Heliópolis e São João Clímaco – atua dentro do Heliópolis a mais de 35 anos trabalhando para a melhoria da comunidade em diversos setores, entre eles: moradia, infra-estrutura, educação, esporte, saúde, cultura e lazer. Formada por uma diretoria eleita pelos próprios moradores e com apoio financeiro de doações voluntárias e de parcerias com empresas como a Unilever, a UNAS vai levando à frente seus diversos projetos.
Um deles é o Parceiros da Criança, um dos primeiros projetos da UNAS lançado em 1998, tem como objetivo resgatar a cidadania de 240 crianças de 7 a 14 anos, oferecendo atividades para complementar os ensinamentos passados dentro da sala de aula, através da arte, recreação, incentivo a leitura e a escrita. O projeto utiliza educadores da própria comunidade, o que gera um incentivo para que não desistam de suas missões. Além disso, os educadores passam por uma constante capacitação para ministrar as diversas atividades passadas às crianças. O Parceiros da Criança também se preocupa com o restante da comunidade, e cede seu espaço para reuniões, desenvolvimento de outros programas educacionais e culturais, e eventuais necessidades do Heliópolis.
Está ai mais um exemplo de que nós não podemos reclamar e esperar do governo uma melhoria para situação da educação de braços cruzados. A iniciativa e o voluntariado são fatores essenciais para o começo de uma mudança significativa para o futuro de nosso país. Conhecendo um pouco mais sobre cada comunidade, podemos ver que a favela não é só um lugar de más influências, apta a formar marginais, ela também tem como integrantes, pessoas que se preocupam com o futuro dos que vivem ali. É o outro lado da favela que a maioria não tem nem curiosidade ou interesse em saber que existe.
Quem tiver curiosidade em saber um pouco mais sobre a UNAS e seus projetos, clique aqui. Vale a pena conferir e participar.
sábado, 15 de setembro de 2007
O outro lado da favela
Escrito por Tathyane Bruzzese às 17:52
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2 comentários:
Ae tathy muito bem colocado essa questão. Existe um preconceito por parte da população aos moradores das favelas brasileiras. Como em todo lugar, há coisas boas e ruins. Muitos pensamentos acreditam que morador de favela é vagabundo, ladrão. Já até ouvi falarem que para resolver problema do brasil é preciso jogar bombas nas favelas e destrui-las, esses que pensam assim são alienados e estupidos. São pessoas que nunca entraram nessas comunidades e forma opiniões atraves de olhares superficiais e arrogantes. Essas participações de pessoas da propria comunidade em ajudar crianças e jovens da heliopolis é sim uma tentativa de revolução social. As crianças das favelas possuem como idolos traficantes das comunidades, fazendo com que elas entrem neste mundo do trafico de drogas, uma vida de respeito e dinheiro facil. Pura ilusão. O que falta é lideres nas proprias comunidades, que mostrem que há outros caminhos a percorrer, como você citou os educadores. Se essas pessoas tornarem idolos e respeitados na comunidade, o foco e a visão de muitos jovens mudarão e o destino delas também.
Excelente!
Quando o assunto é criança, não há como negar a existência dos famosos "espelhos". Querendo ou não, há apego à imagem da(s) pessoa(s) mais próxima(s). O ambiente, de certa forma, também causa influência sob o indivíduo. A vantagem nisso tudo é que, ambos são passíveis de mudança.
As pessoas são e sempre serão mutáveis. Os ambientes são influenciáveis porque são compostos por pessoas. À partir daí, mudar é "fácil".
Muito bom esse texto!
Temos que fazer mais aplicações nessa questão, estender o debate e conscientizar mais e mais pessoas à respeito desse "movimento".
Parabéns, Tathyane!
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