Em 1978 durante o Regime Militar o grafite fazia sua primeira aparição no Brasil pelas mãos do artista Alex Vallauri nas ruas de São Paulo. Fazendo uso da técnica do “stencil”, utilizada pela Escola de Paris nos anos 30, Vallauri espalhou pelas ruas da cidade a figura da Bota Preta, que simbolizava uma moça passeando pela cidade. A imagem, geralmente de uma cor só, abriu o caminho para uma geração de artistas que utilizavam espaço e materiais não convencionais para artistas da época, os muros e o spray.
A proposta de Vallauri, quando fez a primeira intervenção no espaço urbano em São Paulo, foi levar às artes plásticas além do ambiente das galerias, invadindo as ruas como uma forma de arte democrática desde o seu início. O grafite surgiu no início da década de 70 nas periferias de Nova York e chamou atenção pela primeira vez da mídia e da sociedade com artistas que fizeram uso dos vagões de trens do metrô como suporte para sua arte. Assim, suas obras percorriam a cidade toda e atingiam o maior número de pessoas possíveis.
Diferente dos jovens grafiteiros de Nova York, que vinham dos bairros mais pobres da cidade, Vallauri tinha o perfil de classe média, mas sempre fazendo arte voltada para a classes periféricas. Vallauri se formou em Comunicação Visual na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) e teve a oportunidade de estudar artes na Inglaterra e nos Estados Unidos. Com seu stencil, Vallauri representa a primeira geração do grafite brasileiro, onde as artes eram compostas por imagens que habitavam o inconsciente coletivo e que representavam algum significado no cotidiano das pessoas que passavam pelas ruas de São Paulo.
No começo do grafite brasileiro, qualquer influência que não estivesse de acordo com a realidade vivida no Brasil da época era rejeitada, uma vez que a proposta era retratar o cotidiano da cidade e de seus habitantes por meio de formas e cores. Por isso era necessário que as pessoas se identificassem rapidamente com tais formas e cores utilizadas. Além do objetivo de embelezar a cidade, a liberdade de expressão e o incentivo a cultura nacional formavam o pilar ideológico do grafite, influenciado pelo movimento de renovação da MPB a Tropicália.
A segunda geração de grafite apareceu na segunda metade da década de 80. Nesse período, houve um certo distanciamento das influências nacionais, por conta da busca por uma nova forma de expressão. Formada por artistas como os Gêmeos, Binho e Zelão entre outros, essa geração foi mais aberta as influências internacionais, e agrega á ideologia de Vallauri, á técnica utilizada nos trens de Nova York. Isso aconteceu devido à abertura política que o país vivia, muitos artistas desta geração citam o longa-metragem americano “Style Wars” de 1982, como principal influência para suas produções.
Continua...
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Trinta anos de Grafite Brasileiro
Escrito por Unknown às 10:30
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