Viagens e Passeios
Ele teve disposição pra descer até o Inferno, mas foi recompensado quando a noite acabou.
Chegou o dia. Chegou a luz. O sentimento dele muda de repente. Uma transformação rápida.
Ele sentiu, mas não conseguiu descobrir o que era de verdade. O sentimento não se definiu logo de cara.
Dispensou as companhias que estavam com Ele na escuridão. Não pensou duas vezes. Não tinha certeza. Não sabia. Não esperava. Só sentiu que precisava se livrar deles. A sua mente balançou o corpo. “Amor? Será isso mesmo? Vou ficar aqui pra ver”
Decide ficar, mas se pergunta; - “No meio dessa confusão, amor? Provável engano”
O amor demanda tempo e pode fazer com que apareça acomodação na caminhada.
Ele tenta se concentrar novamente. Foi tudo muito rápido. “Assim não pode ser. Vai dar merda. Desacelera.” Ele pensa.
Ele sabe qual é o ritmo. Ele é “Negô-Véio”. Não chegou ontem no mundo. Decide fazer uma visita ao silêncio. Observa o ambiente. Vê onde muitos se perdem, e outros se encontram. Não pode salvar os perdidos.
Já teve essa pretensão, mas aprendeu a lição. A maioria dos perdidos é cretina. Se salvou, e encontrou satisfação ao comemorar a vitória dos que, assim como Ele, também se salvaram.
Assiste de camarote alguns campeonatos de humildade, discussões que não chegam a lugar algum, pontos de vistas vendidos e comprados sobre a vida, exibições que passam a impressão de um pedido subliminar por socorro. Babilônia 2.0.
Mesmo assim, na volta pra casa o sorriso teimou em não sair do rosto. Ele já passeou pelo Inferno diversas vezes, e nunca, em um retorno desses passeios, um sorriso foi tão insistente como o desse dia. Porque nesse dia, apesar de não ter encontrado o amor, Ele teve a certeza que sentiu o amor. E gostou....
Continua...
*Foto
Grafite do João Henrique. Também nesse muro (Banca de jornal na Marechal Deodoro): Gen.
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